Frevo

Frevo

Dança de rua e de salão, o frevo é a principal exaltação do carnaval pernambucano. Trata-se de uma marcha de ritmo sincopado, violento e frenético. A multidão ondulante nos meneios da dança fica a ferver. Dessa ideia de fervura (“frevura”, para o povo) nasceu a palavra frevo, que é, por excelência, um ritmo genuinamente pernambucano, até por só existir no Estado. A música, que surgiu de disputas acirradas e, às vezes violentas, entre bandas militares, é originária dos dobrados, maxixes, quadrilhas e especialmente da polca e das marchas. O frevo, que seria uma adaptação do povo para essas músicas, fixou-se em Pernambuco no início do século XX, transformando as cidades de Olinda e Recife em um imenso salão a céu aberto durante o carnaval. Das lutas de capoeira surgiram os passos geométricos e ritmados que compõem a dança.
Uma importante característica do Frevo é ser uma festa de multidão, à qual todos aderem como se por eles passasse uma corrente eletrizante. Outros pontos que o distinguem são a feição pessoal, instintiva, de improvisação e variabilidade personalíssima. Por vezes, os pares ficam em roda, em cujo centro um dançarino faz uma “letra”, como é chamado o passo da dança. Ele é imitado pelos demais, sendo substituído sucessivamente por outros componentes. As sombrinhas, que eram usadas como armas no passado, viraram adereços coloridos, servindo para dar equilíbrio e graça aos eletrizantes passos e tornando-se tradicional nos malabarismos executados pelos dançarinos.
Apesar de ser apresentado especialmente no carnaval, não existe data específica para a sua execução. Querido dos pernambucanos, o frevo ganhou estilos que se caracterizam pela intensidade e velocidade do toque. O frevo-de-rua, que não possui letra, é instrumental e marcado pela presença de instrumentos de sopro, próprio para os passistas desenvolverem suas coreografias. O frevo-de-bloco, cujo ritmo se assemelha às marchinhas de pastoril, é acompanhado por uma orquestra de pau e corda. O frevo-canção, o mais lento, lembra as marchinhas cariocas, cuja semelhança também se aplica às letras fáceis de serem assimiladas pelo público. Os passos mais conhecidos são: tesoura e suas variações, coice de burro, martelo, saci, carrossel e outros.
A roupa é sempre colorida e bem folgada, para não impedir os passos vigorosos da dança.

Fonte: CÔRTES, Gustavo Pereira. Dança, Brasil!: festas e danças populares. Belo Horizonte: Leitura, 2000.
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